Ainda
cabe, em pleno século XXI, preocupar-me apenas com a transmissão de conteúdos?
Será que a importância do processo de aprendizagem se concentra na máxima:
“estímulo X resposta”?
Será que não está
caindo por água abaixo o modelo educacional em que o professor transmite e o
aluno devolve em instrumentos avaliativos o que foi capaz de absorver, ou quem
sabe memorizar dos monólogos de seus professores?
Já
está mais do que debatido que, preocupar-se com educação integral é desenvolver
nos alunos competências e habilidades para o engajamento social em nossa
sociedade. Isso inclui o desenvolvimento de postura, de compromisso, de
responsabilidade, de capacidade de auto gerência de potencialidades, respeito
às regras sociais de boa convivência e educação.
Mais
do que alunos reprodutores, “papagaios de blá, blá, blá livrescos”; quero
alunos compromissados, respeitosos e que aprendam a escutar e argumentar. São
esses os indivíduos que estarão nos representando no futuro.
Trabalho
em uma Instituição confessional tradicional, que se diferencia pelo
desenvolvimento de valores humanos cristãos. Vivo em meu cotidiano esses
valores e, por essa razão, compactuo com a missão desse colégio.
Dito
isso, quero registrar meu espanto em ser questionada inúmeras vezes sobre o que
é considerado atitude inadequada de um aluno durante uma palestra.
Algumas
perguntas me inquietam, questões que ultrapassam os muros da escola:
ü
É postura
adequada um deputado dormir durante uma sessão?
ü
É postura
adequada políticos trocarem figurinhas de álbum da copa do mundo enquanto o
destino de nossa nação está em pauta?
ü
É postura
adequada desprezar figuras de autoridades (hierarquia e não autoritarismo) e
fazer com que as leis dancem conforme a minha vontade?
ü
É postura
adequada manipular pessoas para conseguir adeptos que corroborem que fui vítima
das leis sociais?
Pois
é isso que estamos assistindo em nosso país nos últimos tempos. Alguns como
expectadores passivos, do tipo “que horror, ainda bem que não tenho
responsabilidade direta com isso”.
Como
educadora tenho tudo a ver com essa situação. Não quero ser cúmplice na
formação de alunos omissos, irresponsáveis e mimados.
Sim,
eles têm direitos de expressão, de argumentação;
Sim,
eles estão na idade do confronto;
Sim,
são imediatistas e querem suas vontades atendidas no mesmo instante.
Mas,
principalmente:
SIM,
eles precisam ter adultos que os ensinem que o mundo não é assim;
SIM,
precisam aprender a respeitar para serem respeitados;
SIM,
precisam reconhecer que as regras existem para preservar uma convivência social
justa.
Portanto,
na minha concepção de educação, é postura inadequada:
ü
Dormir durante um
momento de formação – seja ele qual for – missas, palestras, aulas...;
ü
Desrespeitar
colegas com brincadeiras inoportunas;
ü
Omitir-se e achar
graça diante de situações que atrapalham a aula;
ü
Vitimar-se ao ser
advertido, mesmo sabendo que existem fatos que comprovam sua conduta errada;
ü
Descarregar sua
insatisfação, esmurrando paredes, frente a advertência oral da autoridade
máxima da instituição;
ü
Desprezar o
investimento financeiro de seus pais para oferecer-lhe uma educação de
qualidade.
Finalizo
afirmando que nosso maior desafio é promover uma educação que vai além dos
conteúdos básicos exigidos nos documentos oficiais. Nosso maior desafio é
ensinar nossos jovens a conviver como cidadãos de bem, promotores de uma
sociedade mais justa.
Pelas
razões descritas, qualquer aluno que não apresentar uma conduta de estudante
fundamentada nos princípios que norteiam a tradição dessa instituição,
receberão, da minha parte a formação que lhes faltam, pois está mais do que
provado que inteligência e potencial acadêmico bem desenvolvido com atitudes
antiéticas e desrespeitosas são um verdadeiro perigo para a humanidade.